Desatino.

Amei com tanta coragem que não sei

se deixei toda a vontade presa naquele ramo

no bico da pomba que observava o dilúvio

de minhas emoções enciumadas

dos seus olhos em outras paisagens.

Meus erros em suas mãos.

Não posso afirmar que fui guerreira

se abandonei o território por paz

nas guerras que me perturbavam

quando de você esperava amor.

Um único aceno determinado

aos meus trêmulos anseios.

Quem de nós é mais fantasia

nos confetes de uma história

que se prendeu ao passado

de uma ignóbil esperança

desfeita pela impotência?

Mera compreensão aturdida.

Revejo os tempos de outros poetas

e me elevo aos seus ninhos

para sentir o amor que me nega

nas tristes cantigas d'alma

daqueles que solitários

romperam seus mistérios.

Não vou e não posso voltar

de onde o vento sussurra

qualquer lamento que molha a noite,

orvalha o dia, funde a tarde.

Resta o azul da vida,

um seu, meu jeito de nos enlaçar.

Resta um pouco de dor,

um coração sem razões,

uma noção derradeira

daquilo que nem sei melhor perto

ou longe. Distante por sorte,

trancado dentro por veneração.

Eliane Alcântara
Enviado por Eliane Alcântara em 20/05/2005
Código do texto: T18248