Cálice de sexta-feira.

Estive nua maior parte do tempo

que despi meu corpo feito ataque

a dormir minhas crenças, vencidas,

em algum rumo que não vi.

Passei chorando o passivo sonho

pois essa vida - é poeira- rastreia.

Embebedei alguns ou algos

na ventania de minhas tempestades

no peitoril das saudades sem fé

que não dizem mais da dona agonia.

Ri mais que chorei de mim.

Rachei o adeus, pari o desejo,

quebrei o elo juramentado,

virei pó...

A solidão minha senhora pus porta a fora,

caí em nós, sai de cena, morri.

Ouvi tua voz, um hino.

Caduquei.

Ouvi tua voz...

Ressurgi.

Eliane Alcântara
Enviado por Eliane Alcântara em 20/05/2005
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