Filhos da injustiça

Caminhando vagarosamente

Aponta-lhes um triste fim,

Passam as horas rapidamente

Enquanto se arrumam no camarim.

Serão eles os artistas

Desta árdua empreitada,

Palhaços e transformistas

Desta peça fria e enlutada.

Levantam-se as cortinas

Sobre o palco as luzes,

São meninos e meninas

Entre espadas e suas cruzes.

Representam as pobrezas

Perdidas em tantas ruas,

Transformadas em tristezas

Com suas faces rudes e nuas.

Encenam suas próprias vidas

Atiradas sem dó ao acaso,

Estátuas tristes e esculpidas

Na madeira fria do descaso.

São os filhos tão prematuros

Correndo um risco de morte,

Encostados contra os muros

Atirados a sua própria sorte

Lentamente desce agora os panos

Cerrando-se as portas do teatro,

Passarão não se sabe quantos anos

Para representarem o seu último ato.

Jeff Condol
Enviado por Jeff Condol em 22/09/2009
Reeditado em 23/09/2009
Código do texto: T1825362
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