SAUDADE

lisieux

Saudade batendo, lanho em meu lombo dolorido.

Tua lembrança, bátega de temporal

destelhando meus refúgios,

deixando-me nua ,

desprotegida na solidão da madrugada.

Tua sombra, densa a me cobrir, envolvente,

toma conta da minha mente,

povoa fantasmagoricamente meus instantes.

O presente é mar de tempestade,

a arrastar-me para profundezas insondáveis,

longe da tépida areia, das marcas de pés, sempre aos pares...

O vento é canção solitária, monocórdia,

sempre o mesmo estribilho, uma só nota...

trazendo à lembrança uma melodia de quintais,

cada vez mais distante.

A tua lembrança é inseto impertinente...

pernas de aracnídeo caminhando, lentas,

sobre a minha pele, arrepiando histórias,

tecendo teias de pesadelos e porejando

saudade.

BH - 06.02.04

03h40m

lisieux
Enviado por lisieux em 20/05/2005
Código do texto: T18342