Decreto de Inverno

(Tere Penhabe)

Sou a paz que habita alguns seres

a procura, a ventura, a luz

mesmo podendo escolher meu caminho

sou dos pássaros feridos, o ninho.

Vento que toca a lágrima no rosto

é o carinho inventado por mim

onda do mar, buscando o amor, sou eu

o sol ao nascer, é de mim um rompante.

Sou a homenagem de Deus para alguns

resquício de amor desse mundo imundo

aragem fresca que banha as planícies

árvores fortes, crescidas na encosta rude.

Eu sou a luta, sou a vida e sou a morte

serei sempre a parceira de um forte.

sonhar incessante, almejado, querido

razão constante de não sei quantas vidas.

Sou a amiga que empresta o colo macio

na tarde dolente, de mágoas e alma carente

a esperança no leito de um rio fluente

que corre na vida dos que têm poder.

Sou esquecimento, lembrança, saudade

sou abandono e o arrependimento tardio

sou a luz de um outro caminho que se abre

na vida de quem procura a verdade.

Sou o afeto sublime para doar a quem merece

carícia morna, às vezes sou uma prece

dos sábios que sabem sondar minha alma

sou a vertiginosa escalada que muito enobrece.

Sou também, em maior número talvez, a dor

ilusão perdida, encantos de uma vida partida

mas se tiver a sensibilidade que os poetas têm

pode me ter somente o lado bom, nunca o desdém.

E posso ser, por amor, jamais por gratidão, mulher

parceira conivente de um momento de delírios vivos

que lhe tira o saber em troca do prazer, e o enlouquece

na divisão mais sábia que Deus inventou: o ato de amor!

Sou tudo isso e muito mais, se você quiser...

porque eu sou MULHER!

Itanhaém, 04/03/2004_05:06 hs

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