Silêncio frio
Angélica T. Almstadter
Não me basta esse silêncio frio;
Abraço as horas de profunda solidão,
Acomodo-me no meu colo vazio
Já não controlo o rio da minha razão.
No escorrer dessas águas mansas,
Deito meus soluços inquietantes;
Que partem sem cuidado, nessa onda de lembranças
Meus sonhos mais cortantes.
Adeus, que me envolvo em mim;
No meu silêncio de pensamentos gagos,
Abraçada ao consolo de ter algum sim;
Nas margens dos meus versos vagos,
Viúvos e náufragos dos pedaços de mim,
Abandonados na trava dos meus engasgos.