Poema para um Amor - IX

Entre os meus dedos

Derrama-se o anoitecer

Cobre-me um horizonte de estrelas

Enquanto vagueio pelo impreciso

Ouço o canto noturno da solidão

Eloquência definitiva da tua ausência

Trazida pelos acordes de Chopin

Por sobre os meus lábios

O esplendor lasso

Do teu sorriso enigmático

No presumir da imaginação

Teu olhar e minha vida

Na uníssona linha do infinito

Entre as páginas suspensas

Do meu pensamento,

A tua e a minha história

Grafadas em tantas esperas

Meus olhos atravessam o longe

Sem qualquer hesitação

Percorrendo os passos

De uma óbvia saudade

Nada é incompreensível, nem impossível

Quando o coração regressa

Ao caminho que tanto reconhece

Sei dos braços que me esperam

E dos olhos que se fixarão nos meus

Sei da palavra ansiada e desejada

Que me estenderás

Quando se fizer silêncio

Entre a minha e a tua boca

Volto-me a que sou

Em frente ao sonho

Tão íntimo, tão próximo

A revelar-me o secreto desejo

Nenhum gesto a limitar-me

A carícia, o toque, o desvelo

Um mistério se prolonga

Nesta paz súbita de te pertencer

Tu, doce e indelével miragem

Imagem vertiginosa e mansa

Plasmada para as minhas mãos

Fernanda Guimarães
Enviado por Fernanda Guimarães em 09/07/2006
Reeditado em 25/08/2008
Código do texto: T190531