Homens normais trabalham

Homens normais trabalham,

Trabalham além da conta

Por um punhado de dinheiro

Que nem as contas paga.

Vida ingrata, enfrentar a jornada

Como um louco viajante perdido

Atrás de um mínimo de dignidade

Para o sustento da família.

Grande a família, grande a carga-horária,

Grande o esforço, imensa a batalha,

Mas no fim do mês, que piada,

Pequeno o ordenado, pequena mortalha.

Pratos vazios, panelas ralas,

Tanto sacrifício para quase nada.

E as bocas chorosas de estômagos ardentes

Gritam tementes de amor esfomeadas.

O país do futuro vive no passado,

Entrevado em sonhos construídos no ar.

Sem alicerces verdadeiros, segurança não há,

Todos despencam na ilusão de um chão que lá não está.

E no calor do verão ardente, o homem trabalha

Sem com ele se preocupar, a se matar.

O suor seu rosto banha, definha, apanha

Sem que haja alguém a se importar.

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