Noite nua
Já são sete, veja o Sol
Suma, vês?
Me remordo aqui!
Não te quero
Que blasfêmia, se cubra!
Usa aquilo, o lençol
ora bela, nem tão bela
ora burra, ora suja
Te achei no esgoto
Lhe dei dinheiro
Beijei teus ombros
Agora vá!
Agora que foi,
apalpo o desenho
Teu contorno no cobertor
Busco pele, busco carne
E me sinto livre
Escorre o cuspe na cara
Fui ao buraco
Então, ontem segui o neon,
A noite, essa navalha,
gargalha de febre
Abri a porta
Senta em minhas pernas,
cruza as pernas
Tinha um cigarro, recusei
Tinha mais pernas que cigarros
Fui pro quarto arder
Ficaram odores
Frêmitos,
O suor, esse ácido vivo
A soda caústica do bicho,
A mordaça da mágoa
Na mulher da vida!