Noite nua

Já são sete, veja o Sol

Suma, vês?

Me remordo aqui!

Não te quero

Que blasfêmia, se cubra!

Usa aquilo, o lençol

ora bela, nem tão bela

ora burra, ora suja

Te achei no esgoto

Lhe dei dinheiro

Beijei teus ombros

Agora vá!

Agora que foi,

apalpo o desenho

Teu contorno no cobertor

Busco pele, busco carne

E me sinto livre

Escorre o cuspe na cara

Fui ao buraco

Então, ontem segui o neon,

A noite, essa navalha,

gargalha de febre

Abri a porta

Senta em minhas pernas,

cruza as pernas

Tinha um cigarro, recusei

Tinha mais pernas que cigarros

Fui pro quarto arder

Ficaram odores

Frêmitos,

O suor, esse ácido vivo

A soda caústica do bicho,

A mordaça da mágoa

Na mulher da vida!

Michell Niero
Enviado por Michell Niero em 11/07/2006
Código do texto: T192048