Inocência
Angélica T. Almstadter
Façam silêncio um instante;
Morreu a inocência,
Cultivada desde menina.
Num suspiro de carência;
Se foi da minha retina.
Silêncio!
Nessa noite ansiosa,
Morreu a ingenuidade,
Suspirando amorosa.
O que eu faço agora?
Nessa ilha de desejos,
Imersa na maturidade,
Desse corpo de saudade.
Façam silêncio por um instante;
Para que eu vele minha inocência,
Com sussurros de amante,
Visitada pela coerência.
Silêncio!
Para que eu guarde com cuidado;
O beijo comportado,
Os sonhos não vividos,
E essa porção de recados,
Amarelados e esquecidos.
Façam silêncio por um instante;
Para eu chorar pela inocência,
Que morreu nesse leito;
No abraço doce e insinuante,
Imposto pela vivência,
Que agora lateja no peito.