Castelo de Bastos
Me esguio entre
as gentes do
meu povo,
entre as tormentosas
feras,
corro seus casebres
e só encontro
encantos de misérias.
Lavo as mãos, pois de
nada sou dono,
nem da lei,
mas singular companheiro
dos acasos da vida,
que me perguntam
como é ser rei.
E eu digo,espamado,
que o metro
que mede minha distância
de vazio e solidão,
é a distância que
mede o povo
com a glória dos reis
da ânsia.
Somos sós,
sem nome,
e fardados de meia-pátria,
que corremos com a bandeira
rasgada.
Somos depósitos de tulha
e milho,
mas nunca deixamos de
ser crianças-doces
e permanentes
filhos !
O choro nosso é mais forte,
um, mais do que o outro,
pois somos visita
no paiól de armas.
Onde a vez dos perdidos
sempre vence,
a voz trimbrada dos sós,
só revive a coragem ,
à bordo dos castelos
de bares avulsos,
que nos assola
e nos convence,
que partir uma vez,
não é partir para sempre!
Somos reis do lago,
reis dos tempo,
colosso dos mares,
donos dos bares
e sombreros homens;
cultivados pela solidão
do tempo que,
por mais sejam anos,
não acabam mais!
José Kappel
Enviado por José Kappel em 12/07/2006
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