O TEMPO DAS COISAS
Queria a idade da pedra
Para quem o tempo cavalga
Nas conchas de velhos caramujos
Da pedra suas retinas intactas
Em cuja memória cristalizaram-se
A gestação e o ocaso de civilizações extintas
Dormir o sono dos vulcões
Cultivar ímpetos de um Vesúvio e despertar
A cada milênio
E com suas reinações de fogo atemorizar
Novas Pompéias
Queria o tempo dos galos
Tempo cirúrgico de criaturas que guardam no peito
Relógios de ouro
Movidos à corda do sem-fim
Mas o tempo que orienta os sentidos é outro
O tempo das estações e das colheitas
A hora dos burocratas que rege compromissos inadiáveis
O instante em que perdura o sinal fechado
Sou como um animal livre, estranhamente livre
Prisioneiro eterno das grades
De um cárcere invisível
* * *
Goiânia, 18 de julho de 2006