Calmaria

Angélica T. Almstadter

No dia em que eu puder as lágrimas secar

Fazer-me inteira no teu leito, no teu peito

Sem reservas e sem as muitas doses de agonia

Que tenho que ingerir para sobreviver

Quando nada mais me violentar

E eu puder dizer sem medo: eu aceito

Adormecer nos teus braços, na tua companhia

Não sei se esse meu riso sem jeito

No meu rosto ainda vai permanecer

Porém meus olhos feito brasas acesas

Farão bailar as meninas pupilas faceiras

Que de tanto navegarem no sereno

Dos meus olhares marejados

Aprenderam o canto doce das corredeiras

Nesse dia de pranto ameno

Quando meu desejos cobiçados

Despedirem as dores derradeiras

Serei fonte a jorrar cristalina

Eterna musa da tua calmaria

E tu que abristes os cadeados do peito

Destrancastes as travas com doçura

Entenderá num olhar o meu preito

A minha verdade segura

Angélica Teresa Faiz Almstadter
Enviado por Angélica Teresa Faiz Almstadter em 26/05/2005
Código do texto: T19970
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