Calmaria
Angélica T. Almstadter
No dia em que eu puder as lágrimas secar
Fazer-me inteira no teu leito, no teu peito
Sem reservas e sem as muitas doses de agonia
Que tenho que ingerir para sobreviver
Quando nada mais me violentar
E eu puder dizer sem medo: eu aceito
Adormecer nos teus braços, na tua companhia
Não sei se esse meu riso sem jeito
No meu rosto ainda vai permanecer
Porém meus olhos feito brasas acesas
Farão bailar as meninas pupilas faceiras
Que de tanto navegarem no sereno
Dos meus olhares marejados
Aprenderam o canto doce das corredeiras
Nesse dia de pranto ameno
Quando meu desejos cobiçados
Despedirem as dores derradeiras
Serei fonte a jorrar cristalina
Eterna musa da tua calmaria
E tu que abristes os cadeados do peito
Destrancastes as travas com doçura
Entenderá num olhar o meu preito
A minha verdade segura