Quando
Angélica T. Almstadter
Sei dos teus desejos, dos teus anseios
Conheço teus olhares nos meus
Conheço teus silêncios, teu falar pausado
Sei de ti tanto e mais do que preciso
Dos teus desalentos, do teu corpo os meneios
Quando me abraças e quando te calas
E te fazes enigmático, afastado
Cifrado.
Te gosto assim indeciso, conciso
Quando me procuras ansioso
Amoroso
Te gosto assim carente de mim
Com os laços frouxos, liberto
Pronto pra mergulhar receoso
Quando me parece tão certo
Disperto, deserto
Quando me olhas intrigado
Preocupado, interessado
Quando te fazes insinuante
Quando ficas de mim distante
Quando me vês e segura as palavras
Quando bebe feliz minhas lavras
Da verve disparada e descompassada
Sei de ti o que em mim dispara
Sei de ti os medos, alguns segredos
Sei do teu coração cheio de esperanças
Batendo como o de uma criança
Perdido na paisagem sonhando
Relembrando
Enquanto eu me guardo inquieta
Para quando te puder confessar
Quando em ti puder encantar minhas promessas
Quando de perto puder sentir o teu pulsar
Me entregar sem pressa e até as avessas
Quando me puderes enxergar como sou
Quando entender e aceitar o meu querer
Quando não mais precisar fugir
Quando puder dizer onde estou
E porque estou a existir...