CANTO DO REGRESSO

Minha terra tem paisagens

Que em outro lugar não há;

As aves que aqui trinam

Não trinam como os de lá.

Minha terra faz fronteira

Com a seca e o mar,

São tão imensuráveis suas riquezas

Que outra mais abençoada não há.

Minha terra tem fulgores

Que tais, não encontro eu cá,

E meditar, assim, sozinho

Sei que é melhor voltar.

Minha terra tem mais vida

Afago que não tenho cá;

Minha terra tem folguedos

Xaxado, baião, frevo, boi-bumbá;

Não permita Deus que eu morra

Sem que eu volte para lá;

Sem que desfrute dos amores

Que não encontrei por cá;

Sem matar a sede no “Velho Chico”

E lavar a dor deste meu pená;

Sem adormecer no colo da morena

Sem o “Padin Ciço” me abençoá.

CANTO DO REGRESSO – Antonio Virgilio de Andrade - é uma paródia ao poema CANTO DE REGRESSO À PÁTRIA – do Imortal Oswald de Andrade – que parodiou CANÇÃO DO EXÍLIO, do Mestre Gonçalves Dias.

Antonio Virgilio Andrade
Enviado por Antonio Virgilio Andrade em 27/05/2005
Código do texto: T20021