Quebras

Eu devia saber a hora de falar

Eu precisava aprender o

momento de calar

Eu devia ter entendido

como fazer

Antes de tudo se perder

Em um lapso de segundo

Caí no olho do furacão

Meti os pés e fui fundo

Arrebentando meu coração

Houve uma breve rasura

Um minuto de censura

Mas nem toda a cerzidura

Promoveu a cura

Meus telhados arrebentados

Fenderam as paredes frágeis

Hoje com os porões alagados

E sem projetos viáveis

Me perco na horas desatinadas

Cabisbaixa e ferida

Pelas muitas cabeçadas

E a alma em sangria doída

Cada passo nesse instante

Me faz refém dos meus gestos

Dos meus atos manifestos

Minha veia intrigante

Que me pune

E me redime

Me encarcera

Algumas vezes me libera

Calar a jura mais sincera

Escolheu meu coração

Nesta longa espera

De muda emoção

Quanto mais a lágrima dilacera

Mais fecho minhas saídas

Calo a fala mas não a alma

Nem as angústias reprimidas

Que me pedem muita calma

Hoje e só hoje me deito

Com esse frio no meu peito

Para acordar no amanhã

Com uma esperança vã

Angélica Teresa Faiz Almstadter
Enviado por Angélica Teresa Faiz Almstadter em 27/05/2005
Reeditado em 27/05/2005
Código do texto: T20042
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