De que me adianta?

Angélica T. Almstadter

De que me adianta ensaiar enredos

Perfilar um a um os meus segredos

Se nada que se gosta se enrosca na tez

Se tudo já se perdeu de vez

Nada ficou guardado, nem um mísero recado

Nem o gosto do desejo de leve tocado

Nada existe além das alianças

Nada que resiste e se veste só de lembranças

Pois que se a alma voa liberta, nunca esteve incerta

E se um rio não volve o curso, mantém direção certa

Jamais retornará à nascente

Jamais regará a semente

Pássaros de bela plumagem volitam

Mas os adejos da alma se estendem sem rumo

Pobres vôos sem prumos

Que nem em ensaios se qualificam

São só metades quando sonham

De fato de nada adianta ...

O cansaço venceu, o desejo recrudesceu

E a dama da caterva, se embrenhou desabrigada

Nos olhos da madrugada,sem reservas...desarvorada

Teve tudo e nada teve...e nem sequer esteve

Tanto que na luta se reteve

Que perdeu o leme...e jaz cativa, a deriva

Do alto da torre enclausurada

Mantém livre a alma leve e desbotada

Entregue aos olhares dos pássaros brilhantes

De vôos rasantes...insinuantes

Que bailam sob céu limpo e azul

Seguindo o Cruzeiro do Sul

Deixando atrás das grades confusas

Uma imensidão de lágrimas difusas

Angélica Teresa Faiz Almstadter
Enviado por Angélica Teresa Faiz Almstadter em 27/05/2005
Código do texto: T20080
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2005. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.