Ao que vens, homem...

Angélica T. Almstadter

Me inventarias se eu não existisse

Se não te enchesse de más intenções

Porque me advinhas pelos cheiros noturnos

Pelos cios esparramados nos cantos da casa

Pela fala mansa...pelo atropelo das falas

Deixo raiar em ti a esperança

Para lambuzar teus lábios com meus beijos

Talvez solerte me sorrisses

E nas noites de lua me fizesses canções

Nunca me buscarias com ares soturnos

Talvez me entendesses e me desses asas

Nas muitas vezes que sem me procurares...te calas

Quando eu me perco do meu eu criança,

Quando não te alcança meus desejos

Te abeiras das minhas poesias quebradas

Entre soluços, nas noites de amor adoentado

Sabes dos meus choros as escondidas

Dos meus pálidos sorrisos pra toda gente

Ainda assim te assenhoreias das minhas verdades

Me algemando nos teus pesados grilhões

Me inventarias mil vezes para me teres em combate

Pois sou pássaro de asas cortadas

Que silenciosamente te aceito atormentado

Naufrago meu medo de outras vidas, nas tuas saídas

Embora me apegue ao teu cantar dolente

Sou remédio para as tuas ansiedades

Aconchego seguro nas tuas indecisões

Ave presa no teu regaço...pronta para o abate

Angélica Teresa Faiz Almstadter
Enviado por Angélica Teresa Faiz Almstadter em 27/05/2005
Código do texto: T20115
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2005. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.