Confete (Bernardo Canto & Rodrigo Fróes)

Joga o peso do mundo de um ombro pro outro,

Os tornozelos frágeis abrem o caminho

O desapego faz o seu figurino

E a sua dança eu quis fotografar.

Gestos breves e expressões tão obtusas,

Sem ter frase, zomba e ri das minhas Musas,

Mas é lisonjeiro o desespero

Que há tempos guardei para você.

Nunca me queira tentar ao me encarar como quem vê um igual.

Neste baile de vaidade travestido em Carnaval,

Jogo confete na sua verve.

Depois reclamo, tirano, da sujeira que terei que limpar.

Sua nudez agride o meu pé descalço,

O desnível faz do palco um cadafalso

De ponta-cabeça quando os aplausos

Rebentam sem saber para quem.

Esta face doce desta minha posse

Ao lhe ver dançando quase se retorce

Feito um exagero, um medo antigo

De ser eu, ser só meu e mais ninguém.

Nunca me queira tentar ao me encarar como quem vê um igual.

Neste baile de vaidade travestido em Carnaval,

Jogo confete na sua verve.

Depois reclamo, tirano, da sujeira que terei que limpar.

02/01/2010, 01h13 AM

Rodrigo Fróes
Enviado por Rodrigo Fróes em 06/01/2010
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