Ausência
Angélica T. Almstadter
Farto-me do pão de cada dia
De cada momento dessa roda viva
Que me preenche de agonia
Cobrando que eu sobreviva
Farto-me das iguarias reais
Dos finos manjares refratários
Farto-me dos convivas irreais
Nos meus anseios solitários
Sobram na mesa talheres
No leito farta-me a loucura
Dessas mil e uma mulheres
Que me habitam sem censura
Farto-me de tolos anseios
De ausências desesperadas
Dos alguns amores alheios
Das muitas portas fechadas