Procuras e angustias: auto-retrato
Passam-se os dias; semi-eternidade
Passam-se as noites; terrível solidão
Passa-se meu EU, minha vida
Triste realidade:
Tudo passa, vem o fim.
Angustia-se meu EU; realidade incontestável;
Meu EU, ser contingente, passa sem eu mesmo notar.
O que sou? Não sei definir.
A angústia é tamanha que às vezes duvido se de fato existo.
Se existo, não existe felicidade.
E por que não, se tantos são felizes?
Chego a duvidar das aparentes felicidades.
O que será de meu amanha? Pergunta sem solução.
Estarei ao lado de quem amo?
Talvez venha a decepção;
Encontrar-me-ei com a triste realidade:
A velha companheira solidão.
Entre tantas duvidas e incertezas
Aparece uma verdade:
Sou um sonhador, pensador solitário.
De minha amada, nada sei:
Por onde anda, onde está;
Tudo é obscuro, como obscura é a minha existência, minha vida.
Filosofias não me trouxeram felicidade;
Somente dúvidas, é esta a realidade.
De tanta busca da verdade a nada cheguei.
Já não sei se sou o que apresento ser;
Se a felicidade para mim se apresentará;
Se minha amada irá chegar.
De nada sei; ao menos esta certeza.
Tantas perguntas insolucionáveis,
Tantas procuras aparentemente ridículas,
Tanta angustia em meu coração retida.
Assim sou eu, assim vou vivendo.
Sou louco, para alguns;
Sábio, para outros.
Mas que auto-retrato fazer de mim?
Um admirador da verdade; se é que ela existe.
Um buscador da felicidade; espero encontrá-la.
Um amante solitário: minha amada se encontra distante.
Um pensador inquieto: sonhador talvez.
Um ser desejoso de tudo isto:
Felicidade, amor, realidade, etc.
Acima de tudo, um incansável buscador da verdade primeira e muitas vezes dubitante:
Meu EU, o Cosmo, o Amor, a Felicidade.
Tudo existe de fato ou é fruto imaginário de uma mente inconsolada?
Sei mais que o “nada sei” de certo pensador.
Sei que das certezas arranco dúvidas;
Nas verdades encontro falsidade, mentiras;
Do meu EU, meu Ser, nenhuma resposta me satisfaz;
E duvido, por querer algo mais.