M A G I  A

Zás!... a flecha partiu saudando
no vôo longo sem alvo certeiro
ao campeão dos fortes que vinha chegando
à taba amiga do velho guerreiro.
Guarací toma nos braços o filho valente.
Estreita-o contra si, e indaga interessado:
-- O que houve, filho, o que é de tua gente
quando chegou lá o homem civilizado?
-- Não sei, pai, eu já não entendo a vida.
Antes era tudo simples, agora tão complicado!
Será, pai, que a nossa gente foi assim esquecida
por Tupâ nosso Deus ou pelo Deus do civilizado?
Nunca houve tantos temores,nem tanta arrelia.
Tudo era livre, os pássaros, os animais, e agora?
O branco tomou conta de tudo, tirou nossa harmonia
e já não se vive tanto tempo como outrora!
O velho pai sorri, suavemente e o conforta:
-- Não queiras ser também tão diferente!
De nada vale a vida do homem civilizado
se não tem paz, pois vive cheio de temores
de incertezas, de inveja
e rancores,
se não tem fé, se vive acorrentado.
-- Sossega, meu filho, não foste esquecido!
Tupã vela os teus passos -- Cumpre a tua missão!
Entre a nossa gente és, ainda, muito querido
e também te ama o Senhor que é Pai desta
Grande Nação!
Victoria Magna
Enviado por Victoria Magna em 28/05/2005
Reeditado em 11/01/2007
Código do texto: T20276