DÊ-ME
Dê-me um café amargo e uma pedra de açúcar.
Um pouco de Tibet, mascável,
Um mascavo pomo de araruta,
Dê-me a fruta comestível do nenúfar.
Gê-me um desvario da colher ensopada.
Um terço e meio de genomas políticos,
O dorso crítico da estatueta de Rodin,
Dê-me o verso hídrico da léxica romã.
Lê-me nauta tácito em concordância.
Um vesgo colibri, penso, biruta,
A fenda à faca feita da fatia omelética,
Dê-me a geléia de girinos em casca bruta.
Sê-me man em qualquer livre palavra.
Um cálice de tonturas, doze, passos,
A biga elétrica que o telefone não auscuta,
Dê-me o dezoito vermelho na roleta rústica.
Preto Moreno
Preto Moreno
Enviado por Preto Moreno em 27/07/2006
Reeditado em 27/07/2006
Código do texto: T203182
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