Flor e Fruto

Pudesse eu ser manhã, dessas manhãs primaveras

Invadiria seu quarto, ainda coberto de sono

Pra tomar em minhas mãos o seu fruto em abandono

E levá-lo a meus lábios...Ai! meu Deus, como o quisera!

E meus lábios entreabertos, mordiscariam seu pomo

E a língua doce e morna ao pincelar sua haste

Convidaria sedenta pra habitar o meu domo

E nele deixar seu mel...Ai! meu Deus, que isso me baste!

Mas seu fruto, meu amor, já na minha boca cresce

Minha língua se contorce a sugar todo o volume

Minha flor, bem orvalhada, suplica que se apresse

Desce no canto da boca, um fio de sumo doce

No quarto sumo e orvalho exalam cio-perfume

Flor e fruto se encontram...Ai! meu Deus...verdade fosse....

Emília Casas
Enviado por Emília Casas em 28/05/2005
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