Amor transcendental

Já são altas horas

E me encontro acompanhado da velha companheira,

A inesquecível solidão.

O frio terrível penetra-me até aos ossos,

E permaneço sentado ao lado de uma velha garrafa

Contemplando a lua, e pensando em você.

Talvez possa imaginar que estou bêbado

Em algum bar ou à beira da calçada,

Mas na realidade encontro-me em meu quarto,

Buscando encontrá-la vagando pelo infinito

Na esperança de vê-la ao menos por um instante

Para depois poder dormir em paz.

Loucuras pensei fazer,

Mas depois de muito a esperar

Encontrei uma nova formula de amor

E descobri, querida, que apesar da distância

Posso tê-la junto a mim.

O amor não se reduz, como eu pensava,

Ao simples materialismo.

Pelo contrario, é muito mais forte, pode crer.

Agora a amo abstraída de toda materialidade,

Com amor simples, singelo, e

Puramente transcendental.

Não preciso, amor meu, tocá-la, e

Abraçá-la, beijá-la, é secundário.

A essência do amor está muito alem,

E já a vejo, como uma deusa,

Percorrendo distancias, ultrapassando barreiras,

E, misteriosamente, permanecendo a meu lado.

Inicia-se a madrugada

E o frio mais e mais, como espadas,

Corta fundo minha carne e penetra em meus ossos.

Mas o que é isto quando se ama?

Continuo feliz por estar acordado

E amando de uma forma diferente,

Com um amor abstraído de tudo o que o materializa:

Amando-a transcendentalmente.

BJ Duarte
Enviado por BJ Duarte em 29/07/2006
Código do texto: T204939
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