À MINHA BRUXA

Roto coração, esfarrapado

Feito bandeira de guerra em estandarte tosco...

Pouco importa que guerreiros te levaram,

Por quê campos de batalhas, em nome de que deuses...

As guerras cessaram, os cavaleiros morreram...

Morreram os deuses,

Os tesouros ficaram perdidos, pilhados, empilhados...

Que a escória humana os acompanhe até dentro da própria tumba!...

Emirjo do nada,

Roto pano voando livre pelo vento,

Sem dono, nem cabresto, sem bandeira,

Sem a mão de nenhum guerreiro:

Eu, livre como quis:

Sou o meu tempo sem tempo...

Sou a minha história sem história...

Sou pano roto sem vento, no vento...

Sou o vôo cego que vê...

Sou o que sabe...

Que sabe que sabe...

Que sabe, que sabe...

Que sabe que não sabe...

Não sabe, não sabe...

Minha irmã da luz da manhã,

Tão bom: não há fogueiras agora...

Os homens continuam cegos, tão cegos...

Como outrora que não sabiam, nem viam altares...

Acendemos as nossas luzes e ninguém nos mata...

Cegos!

Venceu o Amor...

E eu emirjo livre!...

Do fogo das fogueiras,

O meu riso de menino:

Claro, puro, livre...

Morram com suas mortes...

Continuem morrendo...

Matem-se...

Mas, não mais eu,

Estandarte sem guerra, pelo vento,

Voar...

Minha irmã da manhã da luz,

Vem para o abismo,

Te chamo: Vem!...

Vem para a solidão cósmica

Dar-me o abraço que me falta...

Longa a noite do estandarte sem mestre,

Acordo-te

Para a solidão de mim...

Venha, certamente nos encontraremos no infinito...

Não bastasse a dor da carne,

Agora

Te chamo para a dor que não é dor...

A incerteza das paralelas:

Estar só, sabendo de mim...

Valha a tua vida um só sorriso de criança,

Que o faça e,

Depois,

Mergulhe!...

Desculpa,

Minha Bruxa,

Me beija!...

Agora te amo com o amor que posso te dar...

Chico Steffanello
Enviado por Chico Steffanello em 30/07/2006
Código do texto: T205239
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