A Casa abandonada XI Arquitectónicamente Imperfeita

Há quem diga estragada, outros que começaram

E não acabaram. Ficaram a fazer, outros riram a bandeiras despregadas.

Fizeram cursos, foram para o estrangeiro,

a velha ameixieira vergava,

perderam a Língua outros a Matemática,

outros ficaram verbo, por vezes transitivo,

perderam-se,

porque a casa era imperfeita, não continha a rua,

o perigo da gripe ou dos plátanos,

a beira rio, só namorando,

As amantes chamaram, à atenção,

Que a casa era a mamã, e que era mulher também,

Não podia ficar assim, olhando tv.

2 cervejas, se faz favor,

num repente o silêncio ficou para trás,

Que agora tirava-se o mestrado, se ía para Tarifa,

Mas o começado não acabava. Ficava de repente o fim.

Todos naquele dia fizeram o totoloto, ficou, um, Sr. Milhões.

Bebeu-se na luta da autarquia,

E chegou-se enfim ao consenso,

A casa teria de ser reabilitada,

Com toda a gente lá dentro, lembrou um delfim,

Pois, nada, silêncio, pois, mais um gole de cerveja,

Pois, com certeza, é preciso ir mais longe do que Ícaro,

cuidar das asas

Comecemos a reconstrução pela casa abandonada,

Arquitectónicamente Impefeita.

Bah.

Constantino Mendes Alves
Enviado por Constantino Mendes Alves em 01/08/2006
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