Sem sons

Acordei sem versos, sem sinfonia de sons

só alguns estilhaços do meu pós -mortem

bailando na lágrima dos meus olhos parados.

Me peguei dedilhando rígidas consontes sonsas,

intercaladas de vogais átonas e sem certezas.

Tudo que eu queria era um grito interminável,

estridente carregado de cores e significados;

mas senti os punhos pesados, as pupilas cansadas.

Me deixei abater pelo cinza carregado

que esfumaçou minha única vidraça.

Aqueci os dedos na chama oscilante que me alumia

para secar o frio das juntas enregeladas;

Tamborilei com esforço palavras amorfas

mas tudo que consegui foram sons abafados

falanges trincadas ecoando no silêncio de mim.

Angélica Teresa Faiz Almstadter
Enviado por Angélica Teresa Faiz Almstadter em 01/08/2006
Código do texto: T206778
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