A Casa Abandonada XVII Estrelas

Lugar alugado

Não havia casa, era uma ilusão,

Um sonho azul,

Neste quarto a solidão,

Uma dor aguda, profunda,

É como não ter tido nunca este lugar onde dói, o coração.

Que se faz tarde, tão bonito,

As estrelas outra vez a brilharem, outra calma,

Doce água neste banho, um canto

No outro vizinho, o barulho da panela a ferver,

Sem melancolia, sem queimar,

Ouvir, que tamanho tem o sentido,

Que é dia sempre contigo mesmo na noite a doer.

A janela é uma janela como a tua aí no Sertão,

Só que a tua é de Jacarandá, a minha árvore é de pinho

E faz-se de uma semente, tu és o fruto ainda em flor.

O que doa, é bom viver mas dessas mãos não me irei esquecer.

Água, mesmo a chover, a castanha terra a viver.

Mesmo em Luanda deve ser, tão bonito ainda mais,

O poente com tanta cor.

Desse lugar quer-se sempre voltar, namorar.

Vou ao fado, dizer diferente, deixar a água correr.

Às 12 horas todo o mundo toma o comprimido,

Os primeiros, os que nunca os tomaram.

Até vão ver estrelas!

Constantino Mendes Alves
Enviado por Constantino Mendes Alves em 03/08/2006
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