(tragédia)

O artista improvisa

sentimentos improváveis

degusta vinhos inexistentes

embriaga-se delirante

tomba sobre si

para deleite da platéia.

Sorri falsos sorrisos

gargalha com escândalo

lamenta-se em falsete

debulha-se

em lágrimas de colírio

filosofa pensamentos alheios.

Sangra tintura rubr

de cortes cenográficos

facas de borracha

tiros de festim.

Ama despudoradamente

a mulher que no fundo desdenha

contracena com paixão absoluta

ajoelha-se no palco de madeira.

Em casa suicida

e morre definitivo

sem direito a bis.