A Casa abandonada XXVI A morte saiu à estrada
A morte saiu à estrada, num dia terrível,
Um pressentimento, tarde de mais,
Já não tenho o meu filho,
Mataram-no na estrada.
É uma dor grande de esquecimento,
De perder.
Era um grandíssimo rapaz, não tinha palavra
Que encontrasse para o dizer.
É o nosso filho pois claro também
Não estamos preparados para isso,
Nem podemos, julgo eu.
Desaparecer, é mais duro que isso,
O sol não se canta assim,
E era o que eu sabia.
Voltei lá, tinha uma sapatilha no chão do quarto
O automóvel atirou-a para depois do muro.
Fica tudo diferente, como Van Gogh,
aquela seara sempre com vento.