Sob a cortina

Na sala sob a cortina

uma mesa ao centro

fichas se misturam

ao antigo baralho

Risco um fósforo

e acendo mai um

que vem somar suas cinzas

às dos outros tantos

que já perdi a conta

Olhares de desconfiança

embaçados por tanta fumaça

no ar

e pela poeira

que sobe do velho tapete

O gelo do meu copo

de whisky

ou nem sei o quê

já derreteu

Mais pontas

amontoadas no cinzeiro

e nenhum de nós percebe

que o tempo

já não é dono de si

Eduardo Martínez
Enviado por Eduardo Martínez em 08/08/2006
Código do texto: T211979