PROCISSÃO

PROCISSÃO

Moisés Silveira de Menezes

Onde vai, onde vai

Onde vai a procissão

essa massa heterogênea

pelas ruas, ventania

mãos de abrigo ao desabrigo

vozes roucas, cantos loucos.

Qual o norte desse povo

qual o porte desse santo

passos lentos, multidão

vai levando, vai levada

um só canto, vozes tantas

mãos em asas sem voar.

Lumem luzes toscas velas

velam olhos futureiros

não vale santo sem vida

não vale povo sem pão

na senda sendo iludidos

muitos vão na procissão.

Pouco porte porta o santo

norteia povo sem norte

medra o homem, ronda a fome

Velam velas, monte ao sonho

Proscritos ritos rotulam

Sem sorte, norte, sem nome

moises silveira de menezes
Enviado por moises silveira de menezes em 10/08/2006
Reeditado em 22/08/2006
Código do texto: T213148