PROCISSÃO
PROCISSÃO
Moisés Silveira de Menezes
Onde vai, onde vai
Onde vai a procissão
essa massa heterogênea
pelas ruas, ventania
mãos de abrigo ao desabrigo
vozes roucas, cantos loucos.
Qual o norte desse povo
qual o porte desse santo
passos lentos, multidão
vai levando, vai levada
um só canto, vozes tantas
mãos em asas sem voar.
Lumem luzes toscas velas
velam olhos futureiros
não vale santo sem vida
não vale povo sem pão
na senda sendo iludidos
muitos vão na procissão.
Pouco porte porta o santo
norteia povo sem norte
medra o homem, ronda a fome
Velam velas, monte ao sonho
Proscritos ritos rotulam
Sem sorte, norte, sem nome