Poema e Poeta.
Dentro e fora olho um pouco do que passa
E fica um gosto de que nada sei do mundo,
Em sua ligação com o que sei de encontrável:
Rascunho do viver que me entalha no tempo,
- Ferindo -
Esculpindo o indizível suspiro, corisco do arriscar.
Procuro por mim, por ele, por você,
Nos confins desse fim objetivo de nós.
Esconde a face à vida medrosa,
Sai ao luar à dança tímida de um sorriso,
Cabisbaixo acordo de nossos felinos olhares.
Vou ao encontro do seu tom que me cala
Onde grito sua vontade, minha passividade,
Agonia de tanto voltar e ir e estar.
Quando corta a idolatria, respiro adagas de fino trato,
A perfurar meus esconderijos abertos
Em espinhos floridos do deserto desejável.
Oásis de crimes, na trave que desdenha-olhar,
O olho que nos cega e nos revela, palavra.
Aborto o favo desse alívio idiossincrásico,
Enrolo em seu cheiro meu verbo classificatório
Despedaçando o nada saber de um processo
Em relevo continuado ao falar nu do vento.
Fora peleja a sobrevivência,
Dentro luta a sobre vivência do ser,
Figuras rítmicas dos desenhos ancestrais,
Pálidas noções de construção do espaço
Aço que nos destroça ou farelo sem trato
Veia rubra a pintar os escombros do que é eterno.
- Sinais -
Expiro sua tinta do meu armário de eternidades,
Nasce poema, morre corpo, respira alma,
Satisfação dilacerada no texto pensado,
Chorado, sofrido, enigmático, decifrável.
- Vestimenta -
Linguagem na boca da língua embalada
Ao mínimo silêncio de uma lágrima embalsamada.
Hipérbole humana de caminhos feitos,
Quando deito meu verso sabendo que o que mantém o poeta
Além das letras que o devora, é a própria vida,
Escrita do desespero, na paz liberta das aves mentais.
Vôo ao infinito... Uniforme engomado...