Lua
Olhas no escuro,
Com teu olho só.
De longe te cravas
Iluminando as ruas.
Fazendo de conta que ficas,
Que brilhas,
Que sabes.
És a mesma de anos,
De séculos recorrentes,
De campos, cidades,
Amores e cantos.
És a visita calada , a jovem muda.
Com tua veste repetida
Encantas o Sol.
Ele te empresta sua luz.
Faz todo mundo saber
Que pertences a seu reino
Mesmo querendo fugir.
Contas mentiras à Terra
Dizendo-te amante do Sol,
E passeias pelo escuro
Esnobando teu fulgor.
Fazes notícias de dia,
Enquanto ele trabalha,
E as espalhas nas cidades
Dizendo que voltarás.
O Sol te ama : tu sabes!
Ele te espera escondido,
Te busca , te acha, te acende.
Depois lhe contas que mentes,
Que nunca o deixarás.
Dizes a ele que pode,
Porque Poder ele tem.
Sobre planetas e mundos,
Sobre Ti, com brilho dele.
Nas mentiras que contas
Ele te ama e venera.
Sente-se preso e enorme
E não consegue explicar
o teu domínio de fêmea,
és tão pequena!!
Então o deixas, te escondes
De novo tudo começa.
Te fantasias de cheia,
só pra poder provocar
e numa noite guardada
mínguas de tanto prazer.