Medo Antigo
Quero ficar nas estranhas
No aconchego do balanço lento
Enquanto caem as folhas lá fora
Só preciso ouvir o sibilar do vento
Que embala meu medo antigo
Acocorada no silêncio das horas
Sonho mundos que não verei
Enterro esperanças envelhecidas
Quero fugir da estrada sem retas
Odeio esse volante ardente
Que me devora kilometros de vida
Que me obriga simular sorrisos
Ao rastejar sobre cascalhos agudos
Quero adormecer lentamente
Como o sol que se enfia no horizonte
Sem acordar a noite
Que quero continue negramente pacienciosa
Catando contas do meu rosário
Quero anoitecer de olhos semi-cerrados
Até me perder no infinito de mim