o corpo desce à terra
o corpo desce à terra,
não há dor,
o ritual lembra a volúpia da precaridade do corpo,
e das pedras, e das águas, e dos circunflexos lírios,
ciprestes rubros e montes verticais e vales flamejantes e nuvens rápidas,
há toda a máxima velocidade no estalar dos olhos,
que se fecham nas lágrimas e o corpo que desce.
roupas negras, tempo, poeira e automóveis lentos,
todo o mundo rodopia no silvo do efémero
e do ácido das dores ausentes.
a dor vem, um dia, depois de almoço
com a memória pregada na bica...
a ausência será uma estátua de sentimentos e de gritos
o sal abrirá a ferida, a vida.
Vou para o poço, procurando a dor
enganando o futuro.
panos, flores e chuva!