o corpo desce à terra

o corpo desce à terra,

não há dor,

o ritual lembra a volúpia da precaridade do corpo,

e das pedras, e das águas, e dos circunflexos lírios,

ciprestes rubros e montes verticais e vales flamejantes e nuvens rápidas,

há toda a máxima velocidade no estalar dos olhos,

que se fecham nas lágrimas e o corpo que desce.

roupas negras, tempo, poeira e automóveis lentos,

todo o mundo rodopia no silvo do efémero

e do ácido das dores ausentes.

a dor vem, um dia, depois de almoço

com a memória pregada na bica...

a ausência será uma estátua de sentimentos e de gritos

o sal abrirá a ferida, a vida.

Vou para o poço, procurando a dor

enganando o futuro.

panos, flores e chuva!

Constantino Mendes Alves
Enviado por Constantino Mendes Alves em 13/08/2006
Código do texto: T215317