no retrato
no retrato no meu quarto
estão duas crianças
que não podiam ser
senão os meus filhos
onde guardo o carinho
e a ternura.
No meu quarto
para me doerem no corpo.
Os meus filhos
porque é o amor eleito
mesmo para além da minha eternedidade.
Quando crescerem não cabem no quarto,
serei eu o retrato
do amor inexplicável
guardado numa carteira de couro
na saudade da génese
de um triângulo de sentimentos
extraordinários
únicos
que faz do retrato um troféu
primordial
E se no infinito não pudermos
colher esse fruto
que se plante a árvore do amor
com restos de retratos
e com a saudade imensa do futuro