no retrato

no retrato no meu quarto

estão duas crianças

que não podiam ser

senão os meus filhos

onde guardo o carinho

e a ternura.

No meu quarto

para me doerem no corpo.

Os meus filhos

porque é o amor eleito

mesmo para além da minha eternedidade.

Quando crescerem não cabem no quarto,

serei eu o retrato

do amor inexplicável

guardado numa carteira de couro

na saudade da génese

de um triângulo de sentimentos

extraordinários

únicos

que faz do retrato um troféu

primordial

E se no infinito não pudermos

colher esse fruto

que se plante a árvore do amor

com restos de retratos

e com a saudade imensa do futuro

Constantino Mendes Alves
Enviado por Constantino Mendes Alves em 15/08/2006
Código do texto: T217035