Pé de galinha

Sem hora marcada,

Cheio de vida e graça,

O pé de galinha desponta

No rosto daquela Mulher.

E agora ?!

Estranho !? Ele apareceu junto com

O amarelo das fotos

E o descaso das lembranças !

E agora ?!

O que fazer com esse espelho

traiçoeiro ? (ou será o pé de galinha

traiçoeiro ? )

Solta os cabelos,

Disfarça o sorriso,

Estica a pele,

Estica a vaidade

E chora a pobre Mulher !

E agora ?!

Que manhã mais cavernosa !

Passa pó,

Passa creme,

Passa base,

Mal sabe ela que esse pé tem raízes,

Feito pé de cajueiro...

Pobre Mulher !

Nem desconfia que essas marcas

Vieram pra ficar !

Fruto de um tempo que aconteceu

Um tempo de tanto choro

E tanto riso !

Um tempo de tanta aventura e

Tanto desafio ...

Um tempo de ser Mulher.

Mal sabe ela que esse pé

Continuará a brotar

Feito pé de cajueiro.

Olha de novo no espelho

A pobre :

-- Maldito Pé de Galinha !

Tão atrevido. Atrevido e desnudo de vergonha.

Tomou conta da vida inteira da Mulher,

Até da sua formosura inteira

Tomou conta feito calor de verão !

Em nome da sua vaidade e do seu capricho

Tenta mais uma vez:

Será que com um sopro no passado

Ele se vai ?

Obs.: Este poema faz parte do livro de poesias de minha autoria "Sonhos, Versos e Canela"

Kika Cardarelli
Enviado por Kika Cardarelli em 03/06/2005
Código do texto: T21752