Protesto
Não abra para mim, os teus livros;
Nada quero aprender, nesse momento,
Quero sim, queimar meus arquivos;
Tenho fome e sede de envolvimento.
Vou rabiscar nas paredes, no chão e na roupa,
Vou escrever até cair exausta,
Preciso esgotar a minhas comportas;
Gritar o que sabes, até ficar rouca.
Não quero laudas nem estatutos,
Quero a guerra das palavras tortas;
O desentupimento das aortas.
Não me impressiona a gramática,
Não ligo nem um pouco para a semântica,
Sou avessa a jogada tática, sou prática.
Não entendo de física quântica,
Sou é imensamente romântica.
Que se danem as regras, as normas,
Vou escrever por compulsão;
Burilar sim, as minhas formas,
Até a completa exaustão,
E quando tombar, morro em retidão,
Vazia; de tanto escorrer,
A pureza da minha exatidão.
Não me olhe assustado, entenda,
Rasguei o pulso pra começar;
O cheiro de sangue, me tenta,
Quero em letras estremecer...