Protesto

Não abra para mim, os teus livros;

Nada quero aprender, nesse momento,

Quero sim, queimar meus arquivos;

Tenho fome e sede de envolvimento.

Vou rabiscar nas paredes, no chão e na roupa,

Vou escrever até cair exausta,

Preciso esgotar a minhas comportas;

Gritar o que sabes, até ficar rouca.

Não quero laudas nem estatutos,

Quero a guerra das palavras tortas;

O desentupimento das aortas.

Não me impressiona a gramática,

Não ligo nem um pouco para a semântica,

Sou avessa a jogada tática, sou prática.

Não entendo de física quântica,

Sou é imensamente romântica.

Que se danem as regras, as normas,

Vou escrever por compulsão;

Burilar sim, as minhas formas,

Até a completa exaustão,

E quando tombar, morro em retidão,

Vazia; de tanto escorrer,

A pureza da minha exatidão.

Não me olhe assustado, entenda,

Rasguei o pulso pra começar;

O cheiro de sangue, me tenta,

Quero em letras estremecer...

Angélica Teresa Faiz Almstadter
Enviado por Angélica Teresa Faiz Almstadter em 03/06/2005
Código do texto: T21758
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