de mim para ti, leitor

o convite é para ti que me lês

para que procures nas palavras em água

o verdadeiro sentir do ar da existência,

comer soberbo o produto do poema por trás dos versos

e ficar rústico de olhar parado para a velocidade dos tempos

deleitar-te com o seco dos grafemas

sem procurar o interlúdio da metáfora

colocares o ouvido perto dos verbos do poeta

sentindo-lhe o solitário naufrágio

do complexo da existência

Quantas vezes o lirismo insólito do poeta

não é mais que um SOS da dignidade sofocada

As pedras semânticas das palavras de um poema

que caem arrasadoras no papel vazio

são a expressão rocambolesca

de uma experiência em chamas

de uma mente viva que não perece.

E o eterno é tudo o que podemos obter

nesse efémero da existência

e isso é tudo aquilo que eu quero

que te chegue a ti leitor

nas mil palavras diferentes que tu me possas colher

Constantino Mendes Alves
Enviado por Constantino Mendes Alves em 16/08/2006
Código do texto: T218030