de mim para ti, leitor
o convite é para ti que me lês
para que procures nas palavras em água
o verdadeiro sentir do ar da existência,
comer soberbo o produto do poema por trás dos versos
e ficar rústico de olhar parado para a velocidade dos tempos
deleitar-te com o seco dos grafemas
sem procurar o interlúdio da metáfora
colocares o ouvido perto dos verbos do poeta
sentindo-lhe o solitário naufrágio
do complexo da existência
Quantas vezes o lirismo insólito do poeta
não é mais que um SOS da dignidade sofocada
As pedras semânticas das palavras de um poema
que caem arrasadoras no papel vazio
são a expressão rocambolesca
de uma experiência em chamas
de uma mente viva que não perece.
E o eterno é tudo o que podemos obter
nesse efémero da existência
e isso é tudo aquilo que eu quero
que te chegue a ti leitor
nas mil palavras diferentes que tu me possas colher