Quando morre um Poeta

Quando morre um Poeta,

há mais inverno no bojo da invernia;

há menos encanto e bem menos Poesia

no azul da tarde quieta...

Quando morre um Poeta,

uma angústia sem medida principia;

um soluço embarga o alvorecer do dia

e o verso não se completa...

Quando morre um Poeta,

morre um pedaço do que é momento;

morre uma fagulha do que é pensamento

e, largo, o vazio se projeta...

Quando morre um Poeta,

nada (ou quase nada), aí, nos socorre

pois que, afinal, quando o Poeta morre,

definha a emoção dileta...

Quando morre um Poeta,

os beija-flores vão fenecendo à míngua;

a boca da ode é como se perdesse alíngua

no silêncio dessa dor concreta...

Marinhante
Enviado por Marinhante em 18/08/2006
Código do texto: T219383