Ausente presença

Presença ausente no universo da saudade.

Presença etérea de alma anônima

ainda que sufocada pela multidão.

Solidão: não ausência do ponderável.

Ausência, sim, da alma gêmea.

Eis que a solidão

esmaga o poeta na multidão

e se dilui no imponderável.

Ela esvai-se no instante em que

mesmo a sós

sacia o âmago da alma

na interação de imaginada presença.

O poeta mesmo só nunca fica á sós.

Acompanha-se-lhe sempre

a presença do ente sonhado.

O poeta só está só

se perdido na multidão do inimaginável.

O poeta só está só

se estiver sua alma vazia

de sonhos para sonhar.

Professor Faria
Enviado por Professor Faria em 04/06/2005
Código do texto: T22001