Ausente presença
Presença ausente no universo da saudade.
Presença etérea de alma anônima
ainda que sufocada pela multidão.
Solidão: não ausência do ponderável.
Ausência, sim, da alma gêmea.
Eis que a solidão
esmaga o poeta na multidão
e se dilui no imponderável.
Ela esvai-se no instante em que
mesmo a sós
sacia o âmago da alma
na interação de imaginada presença.
O poeta mesmo só nunca fica á sós.
Acompanha-se-lhe sempre
a presença do ente sonhado.
O poeta só está só
se perdido na multidão do inimaginável.
O poeta só está só
se estiver sua alma vazia
de sonhos para sonhar.