O HOLANDÊS ERRANTE

Vanderdecken, condenado a navegar

eternamente.

Em seu navio de antanho. De madeira,

velas funas, mezena estirada,bujarrona

a todo pano, no preamar.

Sempre vencido pelas tempestades,

e pêlos ventos contrários,tormentos.

Que o impedem de dobrar o cabo,

sem nunca conhecer a paz, a segurança.

Tudo pôr causa de um estrago,

blasfemias, contra os elementos.

E' visível nas noites nevoentas, ao luar,

deslizando como um espectro, impelido,

pôr um vento invisível, horrente.

Surge como um fantasma,entre as espumas,

e dissolve-se nas brumas do mar descontente.

A distancia, ele as mede, com o código da Vinci,

PI, e Mezon Pi,verdadeira, como as sondagens

do mar profundo.

E o navio, ora arremete contra os arrecifes,

pôr bombordo, ou estibordo.

No leme, o Capitão Van, olhos arregalados,

investe contra o mar oleoso, ingente.

O navio não ostenta qualquer tipo de vida a

bordo; gente.

Pôr Deus! exclamam de outra nau.

E' um navio velho; velhíssimo.

Uma caravela dos velhos tempos.

E, sem que uma única alma aparecesse,

a bordo, para içar, ou manobrar, proscrito

navio; meteu-se a bombordo.

Passou ao largo, ouviu-se um grito.

As velas esfrangalhadas, drapejavam,

à brisa mais suave. E se debatiam aos trapos,

nos ventos fortes que as enfunavam.

O mastaréu, as amuradas, o cordame,

estavam podres e verdes, pela ação do tempo.

O alto castelo de proa , parecia cair aos pedaços.

E o que era medonho de ver, eram as ervas,

e trepadeiras, começam a crescer,em largueza,

no tombadilho.Onde a figura de Van,

aparecia, as vezes - com certeza.

Alguém a bordo? - gritou um marujo de outra nau.

- Quem sois? - Respondeu uma voz tremula.

E então apareceu a estranha figura do velho,

coberto de trapos, longas barbas brancas.

-Eu sou capitão deste navio, podem me chamar de Van.

Nisto o marujo, mais afoito, se jogou ao mar.

Nadou e subiu pelo cordame ; à nave sinistra.

Quando deu de si, estava na cabine do capitão Van.

Ele aspirava fumo num velho a cachimbo.

- O destino? - perguntou ao marujo. -Que tolice é esta?

De repente o madeiramento rangia, e gemia.

O marujo não duvidou mais que aquele gigante,

de cabelo branco fosse Van, o capitão do Holandês Errante.

O navio não é o problema.- Disse o capitão Van.

O problema é que consegui a eternidade,

Pela alquimia. Eu sou alquimista e aqui tudo é.

Então o marujo, atirou-se ao mar bravio.

Bracejou ã sua nau, de volta,contramaré.

A bordo, de sua nau,ficou observando,

o nevoeiro distanciar-se, que levava

o navio Fantasma, oscilando.

Subitamente o marujo, reconheceu o capitão Van

Era da Holanda, o Ultimo Trovador, também.

Que se insurgira contra as Leis da Brandura.

Contra as meadas do Destino, que o esmaranhara,

como uma grande rede invisível;sem cura.

O seu crime fora cantar, não a última canção d'amor.

Mas uma canção zombeteira, satírica e indizível.

Improvisada, sem rima, acompanhada pôr velha música.

Sua voz tinha um timbre de aço, como a ponta d'espada,

ferindo a pedra.:

"Tenho visto muitas damas belas preferirem canalhas,

a homens honestos.

Meu coração inspira, somente canções amargas,

amargas, como esta canção, que me apresto" .

Então o marujo ouviu, o trovador errante cantar:

"" Flor do Luar! Frágil prateada e nívea.

Delicado botão de gaze. baloiçando nas ondas.

Eis a canção que fiz ao seu coração.

Flor do Luar. Amarga é a partida.

cinzento é o céu, e a chuva é fria.

Mas sempre Queluz do sol retorna,

Flor do Luar, coragem para não errar.

Força de toda força para a paciência,

para sofrer longo tempo.Conforma!

Esta a dádiva que ofereço na minha canção.

Flor do Luar, adeus pois ,eternamente.

Terna e pura é a memória de sua face.

Valente e segura é a minha Fé.

Onde Ele da o penhor de nossa ressurreição.

Reteremos a palavra tal como foi pregada.

A vida não é Enigma a ser decifrado.

Mas um Mistério a ser vivificado.

DON ANTÔNIO MARAGNO LACERDA

Prêmio UNESCO/poemas

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DON ANTONIO MARAGNO LACERDA
Enviado por DON ANTONIO MARAGNO LACERDA em 05/06/2005
Código do texto: T22361