TRAVESSIA DAS HORAS

O dia ao largo, com suas raias estendidas

Sobre a superfície da manhã

O sol do oriente se espraia pelo espelho

Das águas, quase cego vislumbro

Um agitar de folhas, zéfiro que sopra

Do oeste, convite para íntimas navegações

Vida em suspeição

Como antigos cristais balouçando

No limiar da navalha

Braços alados, abarco as dimensões

Aquáticas, o coração a fremir em

Arroubos espasmódicos

Maldição de quem não se afez

Às turbulências marinhas

E no fim de tudo

Atravessam-se manhãs, primaveras, decênios

A cidade extinta e seus jardins submersos

Presente para futuros arqueólogos

* * *

Goiânia, 27 de agosto de 2006

Glauber Ramos
Enviado por Glauber Ramos em 27/08/2006
Reeditado em 27/08/2006
Código do texto: T226640