O APRENDIZADO DAS ÁGUAS
As águas salgadas
passam ligeiras
por meus olhos desprotegidos,
corroendo as retina doloridas.
E tu verás no fundo,
bem no fundo junto à areia
meus olhos a luzirem tristes e serenos,
a desprender-se de suas órbitas
numa luz frouxa e benfazeja,
nessa visão que engloba também o teu perfil
e nas camadas verde-azuladas de tantas águas submergidos,
eu sentirei o abandono,
longe das pálpebras e palpitações
escancarados para as águas.
Um dia meus olhos
hão de emergir translúcidos,
flutuando nas águas lustrais
que escorrem dos riachos, dos rios,
da imensidão dos mares
e acordarão o menino triste,
que encontrará o porto de regresso.