O APRENDIZADO DAS ÁGUAS

As águas salgadas

passam ligeiras

por meus olhos desprotegidos,

corroendo as retina doloridas.

E tu verás no fundo,

bem no fundo junto à areia

meus olhos a luzirem tristes e serenos,

a desprender-se de suas órbitas

numa luz frouxa e benfazeja,

nessa visão que engloba também o teu perfil

e nas camadas verde-azuladas de tantas águas submergidos,

eu sentirei o abandono,

longe das pálpebras e palpitações

escancarados para as águas.

Um dia meus olhos

hão de emergir translúcidos,

flutuando nas águas lustrais

que escorrem dos riachos, dos rios,

da imensidão dos mares

e acordarão o menino triste,

que encontrará o porto de regresso.

José Luongo da Silveira
Enviado por José Luongo da Silveira em 29/08/2006
Código do texto: T227856