Do amor doído à mais doída saudade
Condene-se ao martírio do indizível,
esse, do amor como uma chaga exposta;
corra, voe, insista querendo uma resposta,
mesmo que ela more perto do impossível...
Ao viajar do deserto-nada ao crível,
onde a dor mais dor no amor se posta,
finja que percebe o que ela não mostra
e exulte, como quem detectasse o invisível...
Faça isso. E purgue. E chore. E impreque
e, se nunca pecou por duvidar, peque
pois, no desespero, maldizer nem é pecado...
Pelo cavalo, seja o rei colocado em xeque,
encharque-se do pranto nunca antes chorado...
depois, silencie, retempere, arda... e seque...