Do amor doído à mais doída saudade

Condene-se ao martírio do indizível,

esse, do amor como uma chaga exposta;

corra, voe, insista querendo uma resposta,

mesmo que ela more perto do impossível...

Ao viajar do deserto-nada ao crível,

onde a dor mais dor no amor se posta,

finja que percebe o que ela não mostra

e exulte, como quem detectasse o invisível...

Faça isso. E purgue. E chore. E impreque

e, se nunca pecou por duvidar, peque

pois, no desespero, maldizer nem é pecado...

Pelo cavalo, seja o rei colocado em xeque,

encharque-se do pranto nunca antes chorado...

depois, silencie, retempere, arda... e seque...

Marinhante
Enviado por Marinhante em 31/08/2006
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