Poema do Desconsolo
Sei das metades as quais pasmam
Verdades rasgadas de pão e de lenço
Sei de tudo, tenho ovelhas que vazam
Repleto de conversas meadas, penso.
Maus tratos à escrita velha e normativa
Inventiva forma de escravidão
E ainda regida, a esperança invertida
Mudo no campo ao manto florão.
Apocalípticos pavões escutam-me, sentados
Podres ametais de eras neolíticas
À displicência de marasmos em ferros delgados
Assumidas posturas, proporções míticas.
Roxos e lesos castigos comemoram com gim
A morte de alguns na bacia do indulto
Permeiam echarpes de folhas senescentes assim
Lamenta-se na falésia da vida, fugidiço no vulto.