Tempo de colher

Já era noite

E o vento norte acariciava cheiros adormecidos

No seu pensamento.

Já passara o dia e a madrugada debulhava as cores

Na penumbra do quarto crescente.

Já passara as fases da lua clara

E residia uma paixão minguante.

Já seria tempo de pendurar os medos

E desacorçoar a alma.

Tempo de rasgar os calendários

E os desejos postos em fráguas.

Já seria hora de abraçar a esperança

E atirar-se ao ar.

E nas marés vasculhar a sua tenra idade

E catar os sonhos pueris.

Tempo para descobrir aqueles que

Floresceram na saudade

Enquanto há motivos

Para esperar colheitas.