Vozes
Ai, que falta, que aperto, escuto o menino que
escondido chora.
Não o choro sonoro, mas o desabafar da angústia, o
soluçar da dor.
Das fendas, saem mãos que pedem vida, pedem
agora.
E a vida dada, tão barata e cruel,
É um motivo pra crescer sem motivos.
O menino que não brilha, na tarde cinza contrasta.
Passa o dia olhando o céu, imagem que enfraquece,
que desgasta.
Irreal esperança, capa negra de ódio, que disfarça.